Ícone da percussão brasileira e cofundador do lendário Trio Mocotó, o músico João Parahyba lança nesta quarta-feira (8) o single “Xei Lá Town”, faixa que marca o início de uma nova fase na carreira do artista e antecipa o álbum “Mangundi”, com lançamento previsto para 31 de outubro. O trabalho chega às plataformas digitais pelo Selo Vitrine, gravadora independente dedicada à música instrumental contemporânea brasileira.
Com uma cadência hipnótica e uma levada que mistura samba-rock, samba-soul e afro-jazz, “Xei Lá Town” traz o groove característico de Parahyba em diálogo com guitarras envolventes e uma seção de sopros vibrante. O título é uma brincadeira com a expressão popular “sei lá” — inspirada, segundo o artista, em Jorge Ben Jor, que costumava trocar o “S” pelo “X” no início da carreira.
“Vivemos num tempo em que ninguém sabe direito onde está. Então pensei: estamos todos morando em uma espécie de cidade do sei lá”, explica João Parahyba, definindo o conceito da faixa que dá o tom de leveza e reflexão ao novo disco.
Gravada com o quinteto que o acompanha em todo o álbum — Jotap Barbosa (saxofone), Fernando César (piano), Cléber Almeida (bateria), Giba da Silva Pinto (baixo) e Rafael Kabelo (guitarra) —, a faixa ainda conta com participações especiais de Nereu Gargalo, companheiro de João no Trio Mocotó, e de Janja Gomes, filho do percussionista e diretor musical do grupo, que acrescenta violão e suingue à gravação.
Mangundi: a mistura que define o Brasil
Com direção musical e arranjos de Jotap Barbosa, integrante do grupo de Hermeto Pascoal, o álbum “Mangundi” reúne oito faixas inéditas e marca o retorno de Parahyba aos estúdios após 14 anos. A obra funciona como um mosaico de suas experiências musicais e pessoais — uma verdadeira cartografia afetiva de um artista que, aos 75 anos, segue em plena forma criativa.
O título “Mangundi” vem de uma expressão do Vale do Paraíba usada para descrever misturas inusitadas — uma síntese perfeita da proposta sonora do disco, que combina samba, jazz, baião, bossa-jazz e polirritmias afro-brasileiras.
O Selo Vitrine e a nova cena instrumental
Responsável pelo lançamento de “Mangundi”, o Selo Vitrine foi criado em 2023 pelo produtor e beatmaker DJ EB, também sócio do O Picco, pizza-bar paulistano conhecido por seu espaço de experimentação musical. A gravadora tem se consolidado como um dos polos mais ativos da música instrumental independente no Brasil, promovendo projetos autorais, jam sessions e colaborações entre músicos de diferentes gerações.
Entre seus lançamentos recentes estão os discos “Tons”, de DJ EB, e “Saudade Bamba Beats”, do DJ Novset, além da coletânea “Existimos, Vol. 1”, que reuniu nomes como Michel Santos, Bruno Belasco, Richard Metairon e Juliana Rodrigues.
Com o lançamento de “Mangundi”, o selo reafirma seu compromisso em preservar e renovar a tradição da música instrumental brasileira, abrindo espaço para vozes históricas como João Parahyba e para novos criadores que fazem do som uma linguagem viva, plural e contemporânea.
