Fátima Souza relembra 40 anos de carreira no "The Noite" e conta bastidores da descoberta do PCC

Nesta terça-feira, 29 de julho, o programa The Noite com Danilo Gentili, no SBT, recebe uma das figuras mais emblemáticas da história do jornalismo brasileiro: a repórter Fátima Souza. Prestes a completar 40 anos de carreira em setembro, Fátima participa de uma entrevista franca e reveladora sobre sua trajetória, marcada por coragem, pioneirismo e reportagens que mudaram o curso da crônica policial no País.

Referência no jornalismo investigativo, especialmente na cobertura de casos policiais, Fátima relembra que desde os tempos de faculdade já sabia qual caminho queria seguir. “Quando fiz jornalismo, já pensava em trabalhar com reportagem policial. Contar histórias da nossa realidade sempre foi algo que me fascinou”, contou durante a conversa com Gentili.

Ainda nos anos 1980, Fátima começou sua carreira no SBT e enfrentou resistência para atuar na área criminal. “Eu estava no SBT, ainda na Vila Guilherme, aporrinhando toda a chefia para fazer casos de polícia, mas não deixavam. Um dia um repórter saiu de férias, insisti e consegui. Minha primeira matéria foi um feminicídio, o homem matou a esposa e o filhinho de poucos meses... Fui a primeira mulher a aparecer na TV como repórter policial”, revelou.

Entre os momentos mais marcantes de sua carreira está a descoberta do Primeiro Comando da Capital, o PCC. Segundo Fátima, tudo começou durante a cobertura de uma rebelião carcerária. “Era uma época em que as televisões cobriam rebeliões em presídios. Fui cobrir uma e percebi que estava diferente das outras, havia uma voz de comando”, lembra. Atenta, ela seguiu seu instinto jornalístico: “Falei para o meu chefe: ‘Tem alguma coisa estranha ali’. Pedi um tempo, mandei um e-mail para a secretária solicitando uma entrevista com o líder, e autorizaram”.

O encontro com o detento foi direto e revelador. “Disse para ele: ‘Não vim aqui falar sobre a vida dos presos, vim por causa da rebelião’. E ele respondeu: ‘Você é esperta, hein. Tem um comando por trás das grades. Não posso te falar o nome, sou só sintonia, mas vou falar com os chefes e você vai receber um contato’”, relatou.

Durante a entrevista, Fátima também revisita casos emblemáticos como o de Suzane von Richthofen. “Desde o começo achei o comportamento dela estranho. Estava se arrumando na delegacia, ajeitando o cabelo… e, no velório, apareceu toda arrumadinha. Naquele momento, já desconfiei que ela tinha matado os pais”, afirma.

A entrevista vai ao ar hoje à meia-noite e 45, no SBT. O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e exibido de segunda a sexta-feira.