TV Cultura homenageia Mino Carta com reapresentação de entrevista no Provocações

 



Em homenagem ao jornalista Mino Carta, falecido nesta terça-feira, 2 de setembro, aos 91 anos, a TV Cultura reapresenta a entrevista concedida por ele ao programa Provocações, comandado por Antônio Abujamra. O episódio, exibido originalmente em março de 2011, vai ao ar nesta terça para quarta-feira, à 0h15.

Logo na abertura da conversa, o fundador da Carta Capital afirma: “O jornalista deveria ter ética. No Brasil essa é uma qualidade rara”. A frase dá o tom da entrevista, em que o ítalo-brasileiro, responsável pela criação de publicações como Veja, Quatro Rodas e do Jornal da Tarde, revisita momentos de sua carreira e fala sobre a imprensa nacional. Ao abordar a ditadura militar, Mino foi categórico: “Está na hora de contar essa história!”. Ele afirmou que, à exceção do O Estado de S.Paulo, que classificou como alvo de uma censura leve, nenhum outro jornal teria enfrentado restrições diretas. “Os demais jornais não foram censurados, é uma piada, uma mentira da grossa! Não houve censura no JT, na Folha, no Jornal do Brasil... Apenas na Veja que eu dirigia!”, declarou.

Na entrevista, o jornalista também fez um balanço da própria trajetória e admitiu que por muito tempo agiu como “mercenário”, trabalhando em projetos sob encomenda, como foi o caso da revista Quatro Rodas. “Nunca pilotei um automóvel, mas criei uma revista sobre eles”, ironizou.

A internet, tema que já começava a transformar o jornalismo, foi alvo de suas críticas. “Eu não chego perto de um computador. Tenho certeza que se eu chegar muito perto ele me come”, disse, acrescentando que não acreditava no fim da imprensa tradicional, embora lamentasse o que considerava o apego excessivo dos jovens ao meio digital.

Mesmo após seis décadas vivendo no Brasil, Mino não deixou de expor sentimentos em relação à terra natal. Sobre a Itália, afirmou que o país lhe causava “profundo aborrecimento”, em especial pela figura de Silvio Berlusconi, a quem chamou de “o grande clown do mundo”, e pelo povo italiano que o reelegia.

A reapresentação da entrevista é uma forma de celebrar a memória de um dos nomes mais influentes e críticos do jornalismo brasileiro, cuja voz marcou gerações e permanece atual.