“Algoritmos do Rock” encerra trajetória com homenagem aos anos 90 e ao legado de André Matos

 


Estreou no dia 14 de setembro o quinto e último episódio da série documental Algoritmos do Rock, uma produção da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo (Sceic), em parceria com as organizações sociais Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA) e Catavento, responsável pelo programa Fábricas de Cultura. A série traça um amplo retrato do rock em território paulista desde os anos 1950, e o episódio final mergulha na efervescente década de 1990, tendo como entrevistado o guitarrista Felipe Machado, integrante da banda paulistana de heavy metal Viper.

Machado revive no documentário a trajetória de sua banda, surgida nos anos 80 e projetada nos anos 90 com turnês internacionais e marcos históricos, como a participação na primeira edição do festival Monsters of Rock, realizada no Estádio do Pacaembu, em 1994. “Temos que lembrar que os anos 90 foi o período em que a MTV Brasil ganhou força e popularidade muito grande, foi importante para apresentar ao Brasil os artistas de fora. A emissora foi essencial para a cena do rock brasileiro dos anos 90”, afirma o guitarrista no episódio, que já está disponível nos canais do YouTube CultSP Play (@cultspplay) e TV Fábricas (@tvfabricas).

Cada episódio de Algoritmos do Rock tem cerca de 30 minutos e é construído em torno de um entrevistado que, além de narrar sua trajetória e experiências no cenário musical, também apresenta uma playlist de dez músicas essenciais da década em questão. No episódio final, Machado escolheu clássicos que marcaram os anos 90: Proibida pra mim (Charlie Brown Jr.), Territory (Sepultura), Pelados em Santos (Mamonas Assassinas), Domingo (Titãs), Tropa de Elite (Tihuana), Obrigado, não (Rita Lee), Emotional Catastrophe (Doctor Sin), Tarde vazia (Ira!), O mundo dá voltas (CPM22) e Rebel Maniac, do próprio Viper.

A data de lançamento do episódio carrega ainda um significado especial: 14 de setembro marcaria o aniversário de 54 anos do cantor André Matos, que integrou a formação original do Viper e se tornou um dos maiores nomes do metal brasileiro, com passagens pelas bandas Angra e Shaman. Matos faleceu em 2019, aos 47 anos, deixando um legado reverenciado dentro e fora do país.

O percurso da série também celebrou outras fases importantes do rock brasileiro. O primeiro episódio, lançado em 25 de janeiro, trouxe Tony Campello e sua visão sobre os primórdios do gênero no Brasil nos anos 50. Em seguida, o segundo episódio registrou a última entrevista da cantora Lílian, ícone da Jovem Guarda, gravada em novembro de 2024, poucos meses antes de sua morte em fevereiro deste ano, resgatando memórias dos anos 60. No terceiro episódio, Luiz Carlini revisitou os anos 70 e sua participação central na cena roqueira ao lado de Rita Lee & Tutti Frutti, além de relembrar o histórico solo de guitarra em Ovelha Negra. O quarto episódio, por sua vez, foi protagonizado por Clemente, vocalista da banda Inocentes, que detalhou a consolidação do punk nacional nos anos 80.

Para Gláucio Franca, diretor-geral da Associação Paulista dos Amigos da Arte, a série reflete a força e a diversidade do rock produzido no estado. “A riqueza cultural de São Paulo também é muito bem representada no rock, desde a chegada do gênero musical ao Brasil. Diversos nomes de grande projeção, nos mais variados estilos dentro do gênero, surgiram no estado, onde o rock continua muito vivo e vibrante. Não apenas o estilo, como os artistas por trás dele, merecem registros como o dessa série, para que essa história e essa manifestação cultural possam chegar a mais pessoas.”

O projeto também reforça a importância da preservação cultural em tempos digitais. “Se antes eram os vendedores das lojas de vinil, os locutores de rádio e os VJs da MTV os grandes responsáveis pela curadoria e disseminação da cultura do rock, hoje essa função vem sendo exercida, em grande parte, pelos aplicativos de streaming musical. Nosso projeto vem resgatar esse espaço do rock, que ficou um pouco perdido no tempo e nas memórias, com boas indicações feitas por personalidades que fizeram história no segmento”, destaca Renato Barreiros, superintendente de Promoção e Articulação das Fábricas de Cultura.

Ao longo de cinco episódios, Algoritmos do Rock recupera não apenas a história do gênero no Brasil, mas também a força de gerações que moldaram a cena musical do país. Com playlists afetivas, depoimentos inéditos e registros de diferentes épocas, a série consolida-se como um documento essencial para manter viva a memória de um movimento cultural que atravessa décadas e segue inspirando novos artistas e ouvintes.