“The Noite” recebe sobreviventes e envolvidos no sequestro do ônibus 174, que completa 25 anos em 2025

 


Em uma edição marcante, o The Noite com Danilo Gentili desta terça-feira (22) recebe quatro pessoas diretamente ligadas a um dos episódios mais traumáticos da história recente do Brasil: o sequestro do ônibus 174, ocorrido em junho de 2000 no Rio de Janeiro. Prestes a completar 25 anos, o caso segue vivo na memória coletiva — e, agora, ganha um espaço de reflexão, emoção e coragem no palco do talk show.

Participam da conversa o Coronel André, a jornalista Vanessa Riche e as sobreviventes Damiana e Janaina. Cada um deles compartilha suas memórias e dores de um dia que parou o país e terminou em tragédia, ao vivo na televisão.

“Esperávamos um final feliz, mas era a vida real”

Vanessa Riche, então repórter da TV Globo, relembra que aquela foi sua primeira grande cobertura como jornalista. “Você fica pensando que vai ser um filme com final feliz, mas era a vida real ali, na nossa esquina”, diz. Foi ela quem acompanhou a situação até o desfecho, inclusive recebendo a notícia da morte da professora Geisa Gonçalves, mantida refém durante horas pelo sequestrador Sandro Barbosa do Nascimento. “Foi muito difícil ter que dar a notícia de que ela tinha morrido, depois de um final feliz que a gente tanto esperava e que não veio”, conta, visivelmente emocionada.

O negociador improvável

O então capitão do BOPE, hoje Coronel André, relembra como se envolveu no caso por acaso. “Acidentalmente, fui designado como negociador. Estava voltando de um depoimento na ponte Rio–Niterói quando ouvi no rádio. Era o mais próximo do batalhão e fui até lá.” Ele se tornou a principal figura da tentativa de negociação com Sandro, num cenário caótico e imprevisível.

Sobreviventes falam das cicatrizes

Damiana e Janaina, duas das reféns do ônibus, também compartilham o que viveram naquele dia. Damiana, que era amiga próxima de Geisa, relembra os momentos dentro do veículo. “Era como uma filha para mim. Todos os dias ela estava comigo. À tarde, a gente dava aula de cestaria, que era artesanato”, conta.

Durante o sequestro, Damiana sofreu um derrame e foi liberada por Sandro, que acreditou que ela estava morrendo. “Fiquei de quatro a cinco anos sem falar. Depois disso, já tive nove AVCs e um infarto.” Hoje, aposentada por invalidez, Damiana diz nunca ter recebido o suporte prometido pelo Estado: “Tive que parar de trabalhar. Não tinha como continuar dando aula”.

Janaina também lembra dos momentos de puro terror e da sensação constante de que não sairia viva. “Acreditei até o final que ele iria me matar, mesmo com aquele pequeno diálogo.” Apesar do trauma, ela reconstruiu sua vida. “Tive que trabalhar esses medos para continuar vivendo. Hoje sou casada, tenho um filho e toda a minha vida está no Rio.”

Tragédia nacional

O caso ganhou repercussão nacional. Sandro usou Geisa como escudo ao sair do ônibus. Um disparo policial acabou atingindo a jovem. Ele ainda atirou nela três vezes. Geisa não resistiu. Sandro foi preso, mas morreu por asfixia dentro da viatura, já sob custódia.

Mesmo duas décadas depois, as consequências daquele dia ainda são sentidas por quem esteve presente — tanto física quanto emocionalmente. O programa busca dar voz a essas memórias com respeito e profundidade.

O The Noite com Danilo Gentili vai ao ar nesta terça-feira, 22 de julho, a partir de 00h15 no SBT.