Crítica | Bambi: Uma Aventura na Floresta — emoção em estado selvagem

 


Num primeiro olhar, Bambi: Uma Aventura na Floresta parece mais um documentário do Animal Planet. O realismo das imagens e a narração suave nos colocam diante de um registro naturalista, quase didático. Mas bastam dez minutos de projeção para que a percepção mude radicalmente: não estamos apenas diante de um documentário, mas de uma fábula viva, pulsante, em que cada olhar dos animais carrega mais emoção do que muito ator consagrado em tela.

Michel Fessler, roteirista vencedor do Oscar por A Marcha dos Pinguins, aplica aqui a mesma sensibilidade que transformou um simples registro da vida animal em cinema de primeira grandeza. O diretor entende que o segredo está em deixar a floresta falar por si, e assim cria um espetáculo visual que é tanto um hino à natureza quanto um convite ao coração.

O maior trunfo do filme está justamente no choque entre expectativa e experiência. Sim, ele lembra um documentário do Discovery, mas é nesse ponto que nasce o encanto. Ao usar animais reais, a produção desperta uma empatia imediata. O drama de Bambi, sua relação com a mãe, o medo dos caçadores e a força que encontra no pai se tornam palpáveis, quase tácteis. É impossível não se envolver — e impossível não se emocionar.

A versão brasileira ainda traz a narração de Lhays Macedo, que dosa ternura e ludicidade de forma exemplar. Sua voz embala a trama com um tom delicado, guiando os pequenos espectadores sem jamais subestimar sua sensibilidade. O resultado é um filme que não apenas diverte, mas aproxima as crianças de um contato raro e precioso com a natureza.

No fim das contas, Bambi: Uma Aventura na Floresta é muito mais que uma animação em live action ou um simples registro animal. É cinema em estado puro: poesia, dor e esperança condensadas no ciclo da vida. Um daqueles filmes que, quando a sessão termina, você sai do cinema com os olhos marejados e o coração cheio. Mais emocionante que um desenho animado: a vida real em sua forma mais bela